quinta-feira, maio 31, 2007

A vida secreta dos parasitóides

Foto 1
Um parasitóide é um ser vivo que passa um período importante da sua vida agarrado ou no interior de um único organismo hospedeiro que, invariavelmente, mata (e muitas vezes consome). O parasitoidismo é, por isso, semelhante ao parasitismo excepto no facto de o hospedeiro ser morto. Numa relação parasítica habitual, o parasita retira os nutrientes necessários sem que os danos provocados no hospedeiro sejam mortais e o impeçam de se reproduzuir normalmente. No caso do parasitoidismo o hospedeiro é morto, normalmente antes de este ser capaz de se reproduzir.


Foto 2
Este tipo de relação parece ocorrer mais habitualmente em organismos com uma taxa de crescimento elevada (como os insectos). Muitos parasitóides co-evoluiram com os seus hospedeiros estando, por isso, dependentes da sua existência.

Existem alguns tipos diferentes de parasitóides: parasitóides idiobiontes são aqueles que impedem qualquer desenvolvimento do hospedeiro após a parasitação inicial. Isto envolve tipicamente uma fase imóvel da vida do hospedeiro como por exemplo a fase de pupa ou ovo. Os idiobiontes vivem, quase sem excepção, no exterior do hospedeiro.


Foto 3
Os parasitóides coinobiontes permitem ao hospedeiro continuar o seu desenvolvimento e normalmente não o matam nem o consomem até o hospedeiro estar pronto para pupar ou tornar-se adulto. Isto implica normalmente viver com um hospedeiro móvel e activo. Os coinobiontes podem subdividir-se em endoparasitóides e ectoparasitóides. Os primeiros desenvolvem-se no interior do corpo do hospedeiro e os segundos no exterior (no entanto estão frequentemente agarrados ou no interior dos tecidos da presa).


Foto 4
Não é raro um parasitóide ser hospedeiro de uma cria de outro parasitóide. O nome adequado para este último parasitóide é parasitóide secundário ou hiperparasitóide, pois tanto o parasitóide primário como o hospedeiro são mortos.

Cerca de 10% das espécies de insectos descritos são parasitóides embora, devido à falta de conhecimentos deste grupo, a percentagem possa subir até aos 20%. Há quatro ordens de insectos que são particularmente conhecidas pelos seus parasitóides: Hymenoptera, Diptera (Fotos 4 e 6), Strepsiptera e Coleoptera. Os parasitóides himenópteros (Fotos 1, 2, 3, 5 e 7) são, de longe, os mais numerosos.


Foto 5
Parasitóides e o controlo biológico de pragas

Os parasitóides são usados pelo Homem para controlar diversas pragas agrícolas e florestais entre as quais de incluem diversos lepidópteros (borboletas diurnas e nocturnas).

Um dos casos mais conhecidos de parasitóides de pragas agrícolas é o da Cotesia glomerata (Braconidae), um pequeno himenóptero que ataca principalmente borboletas da família Pieridae. Nesta espécie o acasalamento e a postura de ovos ocorre normalmente logo após a emersão dos adultos das respectivas pupas. Os ovos são depositados no interior das lagartas (normalmente no 1º instar) num número que anda à volta dos 20 a 60 ovos por hospedeiro. Quando as larvas do himenóptero emergem para construir o seu casulo (Foto 1) isto significa a morte da lagarta. Numa determinada época do ano chegam a ser parasitadas 60-75% de lagartas da espécie Pieris brassicae (os dados referem-se à América do Norte).


Foto 6

Outra espécie de borboleta que pode ser uma praga é a nocturna Lymantria dispar (Lagarta-do-sobreiro). O sobreiro (Quercus suber) é a espécie mais afectada por este lepidóptero. O ataque por parte das lagartas afecta o crescimento das árvores e provoca a perda da frutificação. No caso do sobreiro, e quando a desfolha é intensa, provoca falsos crescimentos na cortiça, diminuindo a sua qualidade e desaconselhando o descortiçamento. Quando a desfolha é intensa, as lagartas são obrigadas a deslocar-se para novas áreas de alimentação, atacando inúmeras espécies de plantas que encontram pelo caminho. Os parasitóides naturais desta espécie são um meio muito importante no controlo das suas populações.


Foto 7











Bibliografia:

http://www.confagri.pt/Floresta/pragas/praga19.htm
http://www.nysaes.cornell.edu/ent/biocontrol/parasitoids/cotesia.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Parasitoid

sábado, maio 26, 2007

Borboletas diurnas de Gilmonde, Barcelos

Neste post coloco as fotos de todas as espécies diurnas que fotografei em Gilmonde, uma Freguesia do Concelho de Barcelos (Portugal). As informações de cada espécie referem-se a Portugal.


Lycaena tityrus
Lycaena tityrus - Pertence à família Lycaenidae. Voa de Abril a Setembro. A lagarta alimenta-se azedas (Rumex acetosa). Aparece no norte, centro e na zona do Sado. Possui duas gerações (pode haver três em anos favoráveis). É pouco comum.








Lycaena phlaeas
Lycaena phlaeas - Pertence à família Lycaenidae. O adulto vê-se de Março a Novembro (todo o ano no sul). A lagarta alimenta-se de azedas (Rumex acetosa e R. acetosella). Distribui-se por todo o território continental e Madeira. Existem, provavelmente, três gerações. Lepidóptero comum e muito disperso.






Lampides boeticus
Lampides boeticus - Família Lycaenidae. O adulto vê-se de Março a Dezembro. A lagarta alimenta-se de codeços (Adenocarpus complicatus), espanta-lobos (Colutea arborescens), ervilheiras (Pisum spp.), tremoceiros (Lupinus spp.), Genista, etc. Ocorre em todo o país, Madeira e Açores. Possui três gerações. É uma borboleta comum.






Leptotes pirithous
Leptotes pirithous - Pertence à família Lycaenidae. Voa de Fevereiro a Dezembro. A lagarta alimenta-se de Leguminosas: Astragalus lusitanicus, luzerna (Medicago sativa), anafe (Melilotus spp.) tojos (Ulex spp.), etc. Aparece em todo o território. Existem várias gerações sucessivas. É um lepidóptero muito comum e disperso.






Polyommatus icarus

Polyommatus icarus - Espécie pertencente à família Lycaenidae. Voa de Março a Outubro. As plantas hospedeiras são: trevos (Trifolium spp.), cornichão (Lotus spp.), luzerna (Medicago sativa), gatunhas (Ononis spp.), etc. Está muito dispersa em Portugal. Possui três a quatro gerações. É relativamente comum.




Aricia cramera
Aricia cramera - Pertence à família Lycaenidae. O adulto vê-se de Abril a Setembro. A lagarta alimenta-se de Helianthemum, bico-de-cegonha (Erodium spp.) e Geranium spp., etc. Aparece em todo o território português. Possivelmente bivoltina. Muito dispersa e por vezes comum.





Satyrium esculi
Satyrium esculi - Pertence à família Lycaenidae. O adulto vê-se de fins de Abril (Algarve) até Agosto. A lagarta alimenta-se de carrasco (Quercus coccifera) e de azinheira (Quercus ilex). Está bastante dispersa. É univoltina. Espécie comum em muitas regiões.








Cacyreus marshalli
Cacyreus marshalli - Pertence à família Lycaenidae. A lagarta alimenta-se de sardinheiras cultivadas (Geranium spp. e Pelargonyum spp.). Está a dispersar-se rapidamente. Polivoltina. Espécie introduzida na Europa no início dos anos 90.








Celastrina argiolus
Celastrina argiolus - Família Lycaenidae. Voa de Janeiro a Outubro. A lagarta alimenta-se das flores e frutos de várias plantas: hera (Hedera helix), amores (Arctium spp.), azevinho (Ilex aquifolium), piorno (Genista florida), etc. Aparece em todo o território. Duas a três gerações. Está muito dispersa e é frequente.

Nota: o indivíduo da foto é aberrante não possuindo a coloração habitual (carece de pontos negros na face inferior).



Pieris brassicae
Pieris brassicae - Pertence à família Pieridae. Voa todo o ano. A lagarta alimenta-se de couves e nabos (Brassica spp.). Aparece em todo o território, na Madeira (rara) e Açores. Possui três gerações. É uma borboleta comum.









Pieris rapae
Pieris rapae - Este lepidóptero pertence à família Pieridae. Voa de Fevereiro a Novembro. As lagartas alimentam-se de Crucíferas: couves e nabos (Brassica spp.) e Resedáceas. Espalhada por todo o território continental e Madeira. Não tem aparecido nos Açores. Gerações ininterruptas. É comum.







Pieris napi
Pieris napi - Família Pieridae. Voa de Fevereiro a Novembro. As lagartas alimentam-se de couves e nabos (Brassica spp.), assembleias (Iberis spp.) e mostardas (Sinapis spp.). Apenas a norte do Tejo e Serra de Monchique. Possui três ou mais gerações. Frequente a norte do Tejo e rara a sul.







Pontia daplidice
Pontia daplidice - Pertence à família Pieridae. O adulto vê-se de Fevereiro a Setembro. A lagarta alimenta-se de Crucíferas e Resedáceas: reseda (Reseda), mostarda (Sinapis), erva-dos-cantores (Sisymbrium), etc. Encontra-se muito dispersa em Portugal. Existem duas ou três gerações. É frequente.








Colias crocea
Colias crocea - Família Pieridae. Voa todo o ano. As lagartas alimentam-se de leguminosas: trevos (Trifolium spp.), luzerna (Medicago sativa), etc. Dispersa no continente, Madeira e Açores. Três a quatro gerações. É comum.







Gonepteryx rhamni
Gonepteryx rhamni - Pertence à família Pieridae. Voa de Maio a Outubro. A lagarta alimenta-se de sanguinho (Frangula alnus). Encontra-se muito dispersa. Possui uma geração. É frequente.








Gonepteryx cleopatra
Gonepteryx cleopatra - Membro da família Pieridae. Voa de Março a Agosto. As lagartas alimentam-se de aderno (Rhamnus alaternus). Aparece em praticamente todo o País. Duas gerações. Vulgar no centro e sul, rara em Trás-os-Montes e ocasional no Minho.







Hipparchia semele
Hipparchia semele - Família Nymphalidae (subfamília Satyrinae). Voa de Julho a Outubro. A lagarta alimenta-se de gramíneas: erva-de-conta (Arrhenatherum elatius), Brachypodium phoenicoides, Festuca elegans, Festuca ovina, Stipa lagascae, Poa spp., trigo (Triticum aestivum) e Deschampsia spp.. Aparece no norte e centro do País. Univoltina. Frequente no norte e centro e rara a sul do Tejo.






Hipparchia statilinus
Hipparchia statilinus - Pertence à famíia Nymphalidae (subfamília Satyrinae). Voa de Abril a Setembro. A lagarta alimenta-se gramíneas: Avenula gervasii, bromo-de-Schrader (Bromus unioloides), Brachypodium phoenicoides, Festuca ovina, etc. Dispersa por todo o território continental. Univoltina. Comum a norte do Tejo e rara a sul.





Pararge aegeria
Pararge aegeria - Família Nymphalidae (subfamília Satyrinae). Voa todo o ano. O ovo é posto sobre gramíneas secas: talha-dente (Piptatherum miliaceum), grama-francesa (Agropyrum spp.), trigo (Triticum spp.) e Poa spp.. Encontra-se no continente e na Madeira. Três ou quatro gerações. Comum.







Coenonympha dorus
Coenonympha dorus - Pertence à família Nymphalidae (subfamília Satyrinae). Voa de Maio a Outubro. As lagartas alimentam-se de gramíneas: Brachypodium retusum, Stipa offneri, Carex hallerana, Agrostis spp. e Festuca ovina. Encontra-se muito dispersa. Possui três gerações. Relativamente comum no norte e centro e rara a sul do Tejo.






Coenonympha pamphilus
Coenonympha pamphilus - Família Nymphalidae (subfamília Satyrinae). Voa de Março a Outubro. A lagarta alimenta-se de Poa annua, cervum (Nardus stricta) e erva-burra (Cynosurus cristatus). Muito dispersa. Três gerações. Comum.








Maniola jurtina
Maniola jurtina - Pertence à família Nymphalidae (subfamília Satyrinae). Voa de Março a Outubro. A lagarta alimenta-se de gramíneas: Brachypodium phoenicoides, Elymus repens, Poa trivialis e Stipa tenacissima. Aparece em todo o território. Duas gerações. Espécie comum.







Pyronia tithonus
Pyronia tithonus - Família Nymphalidae (subfamília Satyrinae). Voa de Maio a Setembro. A lagarta alimenta-se de Brachypodium phoenicoides, Festuca spp., Poa trivialis, Poa annua e milho-paínço (Milium spp.). Muito dispersa em Portugal. Duas gerações (uma nas zonas mais frias). Comum embora relativamente rara a sul do Tejo.








Polygonia c-album
Polygonia c-album - Membro da família Nymphalidae. Voa de Junho a Setembro, reaparecendo em Março após hibernação. As lagartas alimentam-se de urtigas (Urtica spp.), abrunheiro (Prunus spinosa), olmos (Ulmus spp.), choupos (Populus spp.), lúpulo (Humulus lupulus), aveleira (Corylus avelana), etc. Aparece no norte e centro. Bivoltina. É frequente.





Inachis io
Inachis io - Família Nymphalidae. Voa de Julho a Maio. A lagarta alimenta-se de urtigas (Urtica spp.). Encontra-se no norte e centro. Uma geração. Frequente no norte, mais rara no centro e terras baixas.







Issoria lathonia
Issoria lathonia - Pertence à família Nymphalidae. Voa de Março a Dezembro. As lagartas alimentam-se de violetas (Viola spp.) e de outras plantas de pequeno porte. Muito dispersa. Três gerações. É frequente.






Argynnis pandora
Argynnis pandora - Membro da família Nymphalidae. O adulto vê-se de Maio a Outubro. A lagarta alimenta-se de amor-perfeito (Viola tricolor). Muito dispersa em Portugal, estando ausente em grande parte do Alentejo. Possivelmente duas gerações. Frequente no interior a norte do Tejo, sendo muito rara no resto da área onde se encontra.




Boloria selene
Boloria selene - Família Nymphalidae. Voa de Abril a Setembro. A lagarta alimenta-se de violetas (Viola canina e Viola palustris) e de morangueiros (Fragaria spp.). Aparece no norte e centro do País. Bivoltina. É relativamente frequente e dispersa.









Euphydryas aurinia
Euphydryas aurinia - Membro da família Nymphalidae. O adulto vê-se de Março a Junho. A lagarta alimenta-se de madressilvas (Lonicera periclymenum e Lonicera etrusca), Succisa pratensis, língua-de-ovelha (Plantago lanceolata) e suspiros-roxos (Scabiosa spp.). Encontra-se por todo o lado. Univoltina (uma geração). Muito dispersa.





Vanessa virginiensis
Vanessa virginiensis - Pertence à família Nymphalidae. Voa de Março a Dezembro. A lagarta alimenta-se de cardos (Carduus spp.), Gnaphalium luteo-album, espécies de Antennaria e urtigas (Urtica spp.). Aparece em todo o território continental, Madeira e Açores. Duas gerações. Relativamente bem estabelecida no litoral, rara nos Açores e Madeira.




Vanessa cardui
Vanessa cardui - Família Nymphalidae. Voa de Março a Outubro. As lagartas alimentam-se de cardos (Carduus spp.), acanto-bastardo (Onopordum spp.), amores (Arctium spp.), malvas (Malva spp.) e urtigas (Urtica spp.). Ocupa todo o território. Duas a três gerações. Espécie comum.
Nota: já observei uma lagarta a alimentar-se de Echium.




Vanessa atalanta
Vanessa atalanta - Pertence à família Nymphalidae. Voa durante todo o ano. As lagartas alimentam-se de urtigas (Urtica spp.) ou parietárias (Parietaria spp.). Existe no continente, Madeira e Açores. Duas ou três gerações. É comum.







Ochlodes sylvanus
Ochlodes sylvanus - Pertence à família Hesperiidae. Voa de Junho a Agosto. A lagarta alimenta-se de cabelo-de-cão (Poa spp.), erva-carneira (Festuca spp.), trigo (Triticum spp.), etc. Aparece a norte do Tejo e no Algarve. Univoltina. Frequente a norte do Tejo e rara no Algarve.







Carcharodus alceae

Carcharodus alceae - Membro da família Hesperiidae. Voa de Abril a Setembro. A lagarta alimenta-se de malva (Malva spp.), alteia (Althaea spp.) e hibisco (Hibiscus spp.). A espécie Carcharodus alceae aparece a norte do território enquento que a sua espécie gémea Carcharodus tripolinus ocupa a região do Algarve e uma faixa até à latitude da Serra de Aire e Candeiros e S. Mamede (exclusive).




Iphiclides feisthamelii

Iphiclides feisthamelii - Pertence à família Papilionidae. O adulto vê-se de Fevereiro a Dezembro. A lagarta alimenta-se de abrunheiro (Prunus spinosa), pessegueiro (Prunus persica) e pereira (Pyrus communis). Está dispersa por todo o território. Existem duas gerações. É frequente.
Nota: já observei a lagarta a alimentar-se de macieira (Malus).





Papilio machaon
Papilio machaon - Família Papilionidae. Voa de Fevereiro a Dezembro. A lagarta alimenta-se de umbelíferas, especialmente arruda (Ruta chalepensis) e funcho (Foeniculum vulgare). Aparece em todo o território. Possui três gerações. Frequente e dispersa.





Bibliografia:
Maravalhas, E. (2003) As borboletas de Portugal. Vento Norte. Porto.

sexta-feira, maio 25, 2007

Lasiocampa quercus

L. quercus (macho)
A borboleta Lasiocampa quercus é um heterócero (grupo das nocturnas) da família Lasiocampidae. Existem mais de 2000 espécies de lasiocampídeos espalhados pelo mundo. As lagartas desta família são grandes e quase sempre peludas. Enquanto adultos existem espécies que se alimentam e outras que não o fazem. Os adultos tanto podem ser nocturnos como diurnos.

As lagartas da espécie Lasiocampa quercus são polífagas, alimentando-se de um grande número de espécies de plantas como por exemplo: Betula (Bétulas), Alnus (Amieiros), Salix (Salgueiros), Prunus (Cerejeira, pessegueiro, etc.), Rubus (Silvas), Malus (Macieiras) e Trifolium (Trevos).

L. quercus (fêmea)
Esta espécie possui o restritivo específico "quercus", não porque as lagartas se alimentem deste género de planta, mas sim porque o casulo apresenta a forma aproximada de uma bolota (fruto). Os machos voam de dia, especialmente quando está sol, enquanto que as fêmeas, mais pálidas, são nocturnas e podem ser atraídas pela luz artificial (como foi o caso da fêmea da foto). O período normal de voo desta espécie no sul da Grã-Bretanha é entre Julho e Agosto e no norte é entre fins de Maio e início de Julho (não conheço para Portugal).



Lagarta
Esta espécie, como todos os lepidópteros, apresenta vários inimigos naturais. Penso que os que a afectam mais são os parasitóides. Todos os estádios de desenvolvimento das borboletas são atacados por parasitas himenópteros (semelhantes a vespas) e dípteros (moscas). Estes parasitas passam a chamar-se parasitóides quando matam o hospedeiro (numa das fotos podemos ver uma lagarta que foi morta por um parasitóide). Morcegos, aves e aranhas são outros predadores que predam esta espécie.

Lagarta parasitada
Esta espécie apresenta um tipo de crisálida (pupa) designada de terrestre. A origem da palavra crisálida vem do grego chrysos, que significa ouro, isto porque muitas espécies apresentam manchas ou pintas douradas. Muitas espécies utilizam casulos, como a Lasiocampa quercus, e estes tem como objectivo proteger a crisálida de agressões externas, como a secura, as temperaturas extremas, parasitismo e predação. A lagarta, antes de construir o casulo e se transformar em crisálida, procura um lugar recatado, tornando mais difícil a sua descoberta.


Casulo










Pupa










Bibliografia:
http://www.leps.it/
http://ukmoths.org.uk/show.php?bf=1637

Maravalhas, E. (2003) As borboletas de Portugal. Vento Norte. Porto.

quinta-feira, maio 24, 2007

O género Vanessa

Vanessa virginiensis
Vanessa é um género a que pertencem várias borboletas (Lepidoptera). Em Portugal continental existem somente três espécies (V. virginiensis, V. cardui e V. atalanta) mas são conhecidas, pelo que pude apurar pela internet, 21 espécies. Este género foi proposto em 1807 por Johann Christian Fabricius, um entomólogo que estudou na Universidade de Uppsala (Suécia) com o conhecido Carolus Linnaeus.



Vanessa cardui

Espécies de Portugal continental:

Vanessa virginiensis (Bela-dama-americana) - Esta espécie é bivoltina, isto quer dizer que possui duas gerações ao ano. A sua lagarta alimenta-se de cardos (Carduus spp.), perpétua-silvestre (Gnaphalium luteo-album), Antennaria e urtigas (Urtica spp.). O adulto pode ser observado de Março a Dezembro em lugares incultos até aos 1600 metros de altitude. Esta espécies é mais facilmente observada no litoral onde está relativamente bem estabelecida. Actualmente o limite norte conhecido em Portugal para esta espécie é o Concelho de Barcelos. Na Europa, está confinada à Península Ibérica e à Macaronésia.


Vanessa atalanta

Vanessa cardui (Bela-dama) - É cosmopolita e só não existe na América do Sul. Ocupa todo o território português. Esta espécie apresenta, no nosso país, duas a três gerações. A lagarta alimenta-se de malvas (Malva spp.), cardos (Carduus spp.), amores (Arctium spp.), acanto-bastardo (Onopordum spp.) e urtigas (Urtica spp.) embora eu já tenha observado a lagarta a alimentar-se de Echium sp.
É possível ver o adulto de Março a Outubro. É uma borboleta comum. A Vanessa virginiensis é semelhante mas é mais pequena e só possui dois ocelos na face inferior da asa posterior.


V. virginiensis
Vanessa atalanta (Almirante-vermelho) - Possui duas a três gerações. A lagarta alimenta-se de urtigas (Urtica spp.) e parietárias (Parietaria spp.). O imago (adulto) vê-se todo o ano. Esta espécie é vulgar em Portugal.






V. cardui










V. atalanta










Bibliografia:

Maravalhas, E. (2003) As borboletas de Portugal. Vento Norte. Porto.
http://en.wikipedia.org/wiki/Vanessa_%28butterfly%29
http://www.answers.com/topic/vanessa-butterfly