segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Família Sepsidae

Sepsis sp.
As moscas da falia Sepsidae são insectos de tamanho pequeno a médio, muito elegantes e com um aspecto que faz lembrar uma formiga. São conhecidas cerca de 250 espécies a nível mundial das quais cerca de 50 estão presentas na Europa.
As larvas dos sepsídeos alimentam-se em matéria orgânica em decomposição, provavelmente de bactérias. A maioria das espécies especializaram-se em determinadas características do substrato alimentar (em muitos casos o substrato são fezes). Existem diferentes tipos de especialização: enquanto que algumas espécies se alimentam em apenas alguns tipos de substrato, outras só se alimentam em substratos com uma determinada idade. Esta última especialização permite a coexistência de muitas espécies.

Sepsis punctum
Um comportamento muito curioso dos sepsídeos é a guarda pré-copulatória que o macho faz à fêmea. Tudo começa quando o macho monta a fêmea sobre o substrato. De seguida, a fêmea procederá à oviposição antes do casal abandonar o substrato para copular na vegetação circundante. Este comportamento é extremamente raro nos insectos, mas muito comum nos sepsídeos. Existem exemplos de espécies em que populações de uma mesma espécie apresentam este comportamento e outras não (um exemplo é a espécie Sepsis punctum).


Sepsis punctum (cópula)
As razões apontadas para este comportamento são as seguintes: as fêmeas beneficiariam pois este comportamento permitir-lhes-ia separar o trigo do joio, ou seja, encontrar os melhores parceiros. Outra vantagem estaria na possibilidade de ovipositar em paz sem ser constantemente importunada por outros machos. Do ponto de vista dos machos este comportamento seria uma resposta à intensa competição entre machos resultante do maior número de indivíduos deste sexo nos locais de reprodução.
Uma característica muito curiosa dos machos de sepsídeos é a presença de “espinhos” nos fémures e tíbias das patas dianteiras. Estes “espinhos” permitem aos machos agarrarem-se firmemente às asas das fêmeas antes de iniciarem a cópula e, em algumas espécies, durante esta.

Quem já observou sepsídeos terá com certeza reparado no ondular das asas característico desta família. A função deste comportamento é desconhecida, mas pensa-se que não estará relacionada com o acasalamento. É também interessante notar que os halteres (asas posteriores que nos dípteros estão modificadas e que têm como função equilibrar o voo) também se movem, mas não estão sincronizados com as asas.
Os Sepsidae são a única família de dípteros que possui uma glândula (glândula de Dufour) que serve presumivelmente para defesa química.



O vídeo mostra um macho de Sepsis punctum a tentar interromper a cópula de dois sepsídeos da mesma espécie.

Bibliografia:

Pont, A. C
. & Meier, R. (2002) The Sepsidae (Diptera) of Europe. Fauna Entomologica Scandinavica, v. 37

Oosterbroek (2006) The European families of the Diptera. Identification, diagnosis, biology. KNNV Publishing, Utrecht, 205 pp.